Vítima de pedofilia relata 10 anos de abusos em livro.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
pedofilia está entre os diversos transtornos de preferência sexual. Os
pedófilos são pessoas adultas, homens e mulheres, que sentem desejo por
crianças que geralmente não atingiram a puberdade ou estão no início da vida
adolescente.
Considerada por algumas pessoas como uma doença e
por outros como perversão sexual, a pedofilia está cada vez mais presente nos
noticiários, nas ruas e principalmente, na internet.
Segundo psicólogos especialistas em agressão
infantil de Michigan, nos Estados Unidos, cerca de 80% dos casos de abuso
sexual de crianças acontecem dentro da própria casa: pais, padrastos e tios
estão na lista dos principais agressores.
A escritora e socióloga Ângela Chaves (49) lançou o
livro "Lágrimas de Silêncio" para contar a história de terror que
viveu dos sete aos 17 anos, quando foi abusada pelo próprio pai e pelo irmão
mais velho. Ela conta que o pai era violento e a fazia ingerir bebidas
alcoólicas até ficar embriagada para depois ter relações sexuais com ele.
Para piorar, aos 15 anos, Ângela teve uma filha do
pai e, aos 17, outra do irmão. Sem saber o que fazer e desolada com a situação
que vivia, a escritora fugiu de casa e acabou se prostituindo para obter o
próprio sustento. A autora acredita que os estragos causados pela pedofilia são
permanentes, mesmo fazendo tratamento psiquiátrico há oito anos.
Grande parte das crianças e adolescentes que são
vítimas da pedofilia sofrem em silêncio. Por isso, é importante prestar atenção
no comportamento dos filhos. O psicólogo clínico, terapeuta sexual e professor
da Faculdade Santa Marcelina, Breno Rosostolato, conta que a melhor maneira de
proteger os filhos é a prevenção. "Oriente e estabeleça um espaço de
diálogo entre você e seus filhos e participe ativamente na rotina deles:
pergunte como foi na escola, o que aconteceu durante o dia, as brincadeiras
feitas etc."
Mesmo com a vida agitada que muitos pais levam,
saindo cedo de casa e chegando só no início da noite, é importante tirar um
tempinho para acompanhar de perto os filhos na internet. Breno esclarece:
"A internet é o local onde acontecem os maiores casos de encontros e
crimes de pedofilia. A participação dos pais na vida virtual dos filhos é muito
importante, pois as crianças e os adolescentes podem acessar qualquer site e
conteúdo. Procure saber o que estão acessando: chats, redes sociais, conteúdo
adulto."
Os pais devem fazer esse acompanhamento, mas sem
invadir o espaço do adolescente. "Pergunte quem são as pessoas com quem
ele conversa, o que ele anda lendo e acessando. E coloque limites em relação ao
horário, virar a madrugada na internet não é bom", aconselha.
"Existem mecanismos de prevenção que os pais podem adotar: bloquear
determinados sites para não serem acessados, assim como programações de
TV", completa.
Já no caso das crianças, o cuidado deve ser maior.
"Elas devem brincar e aproveitar a infância. Caso acessem a internet,
estipule um limite de no máximo uma ou duas horas, mas fique ao lado para
acompanhar e orientar", diz o psicólogo.
Breno ainda diz: "É imprescindível a criança
ou o adolescente abusado ter acompanhamento com um psicólogo. O trauma para a
criança é algo eterno e que pode durar eternamente nas lembranças. O ato sexual
ou a tentativa é uma ruptura para a criança que acaba criando um universo
antecipadamente, por isso é tão difícil."
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente,
em seu artigo 241, estabelece a pena de detenção de um a quatro anos e multa para
quem fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo
criança e adolescente.
Denuncie:
A denúncia pode ser feita através de:
• Disque 100 - Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração
Sexual contra Crianças e Adolescentes.
• Polícia: em caso de
flagrante, a polícia deve ser acionada imediatamente.
• Conselho tutelar: se
for confirmado o fato, o Conselho deve levar a situação ao conhecimento do
Ministério Público.
• Varas da Infância e Juventude: em municípios onde não há Conselho Tutelar, a Vara
da Infância e Juventude pode receber as denúncias.
• Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente
• Delegacias da Mulher
Para saber mais sobre o assunto, leia também:
• Educação sexual para os pequenos: Livro infantil
aborda abuso sexual de forma simples e objetiva
Pela Internet:
• Polícia Federal (no caso de crimes contra os direitos humanos via internet), também pelo e-mail crime.internet@dpf.gov.br
Fonte: vilamulher.terra
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