Pornografia infantil - Degradante e acessível

05:56 Angela Fakir 0 Comments


As informações transcritas (*1) a seguir, são resultado de reportagens e pesquisas que nos trazem informações sobre uma realidade atroz imposta a milhões de crianças em inúmeros países do mundo. No entanto, apesar da relevância do conhecimento que pesquisas como essas trazem para o planejamento e execução de ações de enfrentamento a esse mal, falta acrescentar a esses números o horror que eles apresentam, eles carecem da informação principal de  que por trás desses índices existem pessoas: crianças exploradas, consumidores desse produto que é a pornografia infantil, eu e você.
“Relação entre pornografia infantil e abuso sexual infantil"
- O Grupo de Trabalho da Interpol para Crimes contra Menores relaciona diretamente a pornografia infantil com o abuso sexual infantil, caracterizando a pornografia infantil como "consequência da exploração ou abuso sexual cometido contra uma criança". Neste caso, a pornografia infantil é definida como "qualquer meio de retratar ou promover o abuso sexual de uma criança, incluindo meios impressos ou de áudio, centrados nos atos sexuais ou nos órgãos genitais das crianças". Entretanto, a legislação da maioria dos países classifica a pornografia infantil de forma mais abrangente, incluindo também as imagens de relações sexuais legalmente não abusivas, como as relações sexuais consentidas com adolescentes acima da idade de consentimento ou com menores emancipados.

"A indústria da pornografia infantil"

-Com as novas tecnologias, a pornografia infantil se transformou numa indústria multibilionária e está entre os negócios que mais crescem na internet. Através do uso de câmeras digitais e webcams, a produção de pornografia infantil se tornou mais fácil e barata, enquanto sua distribuição a um grande número de usuários foi facilitada pela Internet, inclusive pela possibilidade do uso de cartão de crédito para a compra do material
Dados e estatísticas-Por ser uma atividade ilegal e dinâmica, as estatísticas sobre pornografia infantil podem divergir conforme a fonte e o ano de divulgação. Segundo estatística da Internet Filter Review publicada em 2003, há no mundo cerca de 100 mil websites mostrando pornografia infantil ilegal e gerando um negócio de 3000 milhões de dólares. Por outro lado, reportagem de 2006 da revista Information Week revela que a pornografia infantil, espalhada por cerca de 250 mil websites, gera um movimento anual de 20000 milhões de dólares que poderá subir para 30000 milhões em 5 anos.

Exposição à pornografia – Ainda de acordo com a Internet Filter Review, a idade média em que uma criança é exposta à pornografia em geral (inclusive adulta) é aos 11 anos de idade. Os números também revelam que cerca de 90% das crianças e adolescentes com acesso à Internet tiveram acesso à pornografia enquanto faziam seus deveres de casa.

Divisão por faixa etária – Segundo pesquisa do Centro Nacional dos EUA para Crianças Exploradas e Desaparecidas (NCMEC), de todas as apreensões de material pornográfico infantil efetuadas durante um ano, de 2000 a 2001, nos EUA, 19% incluía bebês e crianças até 2 anos, 39% incluía crianças de 3 a 5 anos, e 83% incluía crianças na faixa etária dos 6 aos 12 anos.”

Deparei-me uma vez  com a fotografia de uma criança em prática de sexo oral com um adulto, os olhos daquela criança expressavam medo e uma submissão absurda. A imagem exposta no ecrã do meu computador chegou ali sem nenhum tipo das dificuldades que pensamos que deveria existir para se ter acesso a algo ilegal. Não precisei entrar em contato com nenhuma pessoa, assim como não se fez necessário que saísse da minha residência e me expusesse a qualquer evento que colocasse minha integridade física a risco. Eu, assim como a maioria das pessoa, não tenho como saber quem é aquela criança ou como saber quem são os indivíduos que estavam impondo a ela uma vivência de sexualidade nociva e degradante a sua condição de sujeito em desenvolvimento, nem quem está registrando e divulgando aquele ato e tampouco quem e quantos são as pessoas que tiveram acesso aquela e a outras tantas imagens que  se multiplicam como praga na internet. Contudo, sei que o ato de simplesmente clicar em outra página e ignorar a existência desse tipo de ação corrobora para sua continuidade.
E como olhar para outro lado sabendo que isso ocorre? Como não enxergar no corpo da menina exposta fragilidade igual a contida no corpo de nossa filha, sobrinha, irmã, aluna, vizinha...? O entendimento de que as crianças de nosso próprio núcleo familiar, as crianças que amamos, não irão vivenciar essa forma violenta de degradação basta para seguirmos mantendo nossa omissão?
Não posso responder a essas questões senão de forma pessoal, posto que a resposta dessas devem ser dadas por cada um de nós. E, pessoalmente, eu quero que crianças e adolescentes vivam longe do sofrimento gerado por práticas abusivas que pessoas lhe causem na justificativa absurda da obtenção de prazer sexual, e da influência negativa da mídia que gera toda uma cultura que ao invés de proteger o desenvolvimento integro a elas acelera o processo em nome de uma lógica mercantilista doentia. Se as pessoas que não lucram ou se satisfazem com essa atrocidade, se conscientizarem que somos capazes de mudar esse quadro ao invés de aceitar o que lhe é imposto como mais um produto a venda para quem quiser e puder pagar, construiremos uma sociedade livre desse mal.



*1- http://pt.wikipedia.org/wiki/Pornografia_infantil#Rela.C3.A7.C3.A3o_entre_pornografia_infantil_e_abuso_sexual_infantil

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